Análise Mundial de Boccia – Beijing 2016

Finalizado o Campeonato do Mundo de Boccia, muitas surpresas e outras tantas confirmações resultam deste evento. Por um lado confirmou-se o enorme poderio asiático e por outro verificou-se o aparecimento de novos valores em praticamente todas as divisões de jogo:

  • Tailândia, a grande potência nos lançadores BC1 e BC2.
  • A Coreia confirma o grande valor dos seus BC3.
  • A China e Hong Kong surgem fortes nos lançadores BC2 e BC4.
  • Único país não-asiático a manter preponderância na modalidade, a Grã-Bretanha.
  • E por fim, o Japão, que já tinha dado “ar de sua graça” em equipas, no Open da Polónia, surge como uma nova potência nas divisões BC3 e BC2.

De realçar que contrariamente a outras provas em que as medalhas foram distribuídas por um maior número de países, neste mundial os prémios máximos foram reservados a 6 dos 31 participantes. Os países asiáticos  ficaram com 88% das medalhas – 14 em 16 possíveis -, quedando a Grã-Bretanha como o único país do “resto-do-mundo” a obter as 2 medalhas restantes.

 

MEDALS – BEIJING 2016

 

POSITION COUNTRIES GOLD SILVER BRONZE
1 THAILAND BC1 – BC2 BC1
2 GREAT BRITAIN BC4 BC1
2 KOREA BC3 BC3
4 CHINA BC2 – BC4
5 JAPAN BC3 BC2
6 HONG KONG BC4

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Vice-Campeões Mundiais 2016-page-001

Bronze Mundiais 2016-page-001

  1. BC1

A competição BC1 foi dominada pelos atletas Tailandeses. Pattaya Tadtong (4º ranking mundial) cilindrou o britânico David Smith (2º ranking mundial) nas meias-finais por 8-0, enquanto o seu compatriota Witsanu Haudprit (3º ranking mundial) venceu o grego Soulanis (10º ranking mundial).

Na final, Tadtong e Huadpradit tiveram um jogo renhido, tendo a vitória sorrido a Tadtong por 4-3. Na discussão para a medalha de bronze defrontaram-se os europeus Smith e Soulanis, com vitória para o britânico.

Surpresa nesta divisão para o atleta Daniel Pérez (Holanda – nº 1 do ranking mundial), eliminado nos 1/8 de final.

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2. BC2

Na divisão BC2, Saegampa, da Tailândia, foi o grande vencedor. Já nos 1/8 de final tinha eliminado o seu colega thai Whatcharapon (3º ranking mundial), por parcial de desempate (3-3), tendo deixado para trás um sério candidato ao pódio. Nos ¼ de final cilindrou outro candidato, o brasileiro Maciel Santos, o que confirmou o seu enorme poder nesta prova ao não dar qualquer chance a candidatos fortíssimos ao título. Nas meias finais defrontou o japonês Sugimura (número 17 do ranking mundial), tendo vencido  por 9-1. Na final bateu o chinês Zhiaiang Yan, 2º do ranking mundial.

Extraordinário percurso de Worawut Saegampa, tanto que o atleta tailandês era o 11º do ranking mundial até esta prova, apesar de somente ter participado em 2 provas pontuáveis para o ranking internacional.

Surpresas na eliminação de Maciel Santos (nº 1 do ranking mundial), do eslovaco Robert Mezik (nº 4 do ranking mundial), o português Abílio Valente (nº 5 do ranking mundial), e o aparecimento de Hidetaka Sugimura como um novo valor a crescer no Japão.

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3. BC3

Nas calhas (BC3), destaca-se a surpresa da medalha de prata para o estreante japonês Kazuki Takahashi. Sendo um atleta que participou pela primeira vez numa prova oficial internacional, e sabendo-se que os nipónicos ainda não têm muita tradição nesta divisão, foi surpreendente o percurso deste atleta que bateu o grego Grigorios Polychronidis nos ¼ de final e o coreano Han Soo Kim nas ½ finais.

Nas finais, o poderio do jogo de Ho Won Jeong veio ao de cima, e o experiente coreano não deu hipótese ao estreante japonês. Realçar que Jeong teve de eliminar a sua compatriota Ye Jin Choi, campeã paralímpica, nas ½ finais, Choi que também perdeu com o seu compatriota Han Soo Kim na discussão para a medalha de bronze.

Surpresa a eliminação do português José Carlos Macedo no fase de grupos, Macedo que é o 6º do ranking mundial, se bem que eliminado com resultados mínimos frente à surpreendente brasileira Evani Calado, por 2-3, e ao ter perdido com a Coreana Ye Jin Choi após parcial de desempate (2-2). Também, surpresa na eliminação do 4º do ranking mundial, o grego Grigorios Polychronidos, e pela positiva os excelentes percursos realizados pelo australiano Daniel Mitchel, pelo britânico Jamie McCowan e, é claro, pelo nipónico Kazuki Takahashi.

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4. BC4

Em BC4, o britânico Stephen McGuire arrecadou a única medalha de ouro para um país não-asiático, McGuire que é o 8º do ranking mundial. Surpreendente foi o chinês Yuansen Zheng (14º ranking mundial), que disputou a final com o britânico, tendo-a perdido somente por 1 ponto (3-4).

Já o número 1 do ranking mundial, o chinês Yuansen Zheng, contentou-se com a medalha de bronze após ter vencido o coreano Sung Kyu Kim (31º do ranking mundial), na discussão para os 3º e 4º lugares.

Surpreendente a não passagem da fase de grupos do canadiano Marco Dispaltro (nº 2 do ranking mundial); do brasileiro Eliseu dos Santos (nº 3 do ranking mundial); e do português Domingos Vieira (4º do ranking mundial).

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5. Portugal

A seleção portuguesa não obteve os resultados esperados. Muito abaixo do que se podia prever, os atletas lusos não tiveram vida fácil neste mundial. Certo é que não foram os únicos “não-asiáticos” a terem imensas dificuldades, mas esperava-se mais de uma prova que apurava o título mundial e a última oficial antes dos Jogos Paralímpicos.

Porém, falta-nos realizar uma análise mais profunda. Se as condições de preparação para a alta-competição estão a ser comparáveis com os países que se destacaram neste mundial; se a inexistência de novos valores na modalidade, no nosso país, está a tornar-se problemática; se outros factores estão a influenciar o desenvolvimento (recursos humanos destacados; parcos apoios em novos equipamentos; baixo nível competitivo interno; etc.); se a não alteração das regras da modalidade, especialmente quanto às bolas, está a influenciar negativamente quem já não detém a exclusividade de bolas competitivas; …ou se tudo somente se trata do desenvolvimento desportivo normal, onde os países com mais praticantes, mais recursos económicos e melhores políticas desportivas acabam por tomar a dianteira.

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Resultados globais – MUNDIAL DE BOCCIA – PEQUIM

VITÓRIAS: 15

DERROTAS: 19

 

Melhores resultados:

4 atletas atingiram os 1/8 de final (1 BC1 e 3 BC2) – 1 atleta atingiu os 1/4 de final (BC2)

 

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Atletas portugueses nos 1/8 de final:

BC1 – António Marques X Panagiotis Soulanis (Grécia) – DERROTA: 3-6

BC2
Fernando Ferreira X Maciel Santos (Brasil) – DERROTA: 2-8
Abílio Valente X Hiu Yeung (Hong Kong) – VITÓRIA: 5-2
Cristina Gonçalves X Jesus Oseguera (México) – DERROTA: 2-3

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Atleta português nos 1/4 de final: 

BC2

Abílio Valente X Hidetaka Sugimura (Japão) – DERROTA: 2-4

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Resultados na fase de grupos:

BC1
António Marques x IO Hong Mac-choi (Macau) – VITÓRIA:11-2
António Marques X Luiz Lima (Brasil) – DERROTA: 2-4
António Marques X José Chagas (Brasil) – VITÓRIA: 4-3

João Paulo Fernandes X Lukas Balazi (Eslováquia) – DERROTA: 2-2
João Paulo Fernandes X Daniel Pérez (Holanda) – DERROTA: 0-9

BC2

Abílio Valente X Risa Kainuma (Japão) – VITÓRIA: 5-3
Abílio Valente X Martin Davis (Grã Bretanha) – VITÓRIA: 8-0
Abílio Valente X Joshua Rowe (Grã Bretanha) – VITÓRIA: 5-1
Fernando Ferreira X Jesus Oseguer (México) – DERROTA: 1-5
Fernando Ferreira X Nigel Murray (Grã Bretanha) – VITÓRIA: 8-2
Fernando Ferreira X Dimitry Kozmin (Rússia) – VITÓRIA: 5-2
Cristina Gonçalves X Yushae Andrade (Bermuda) – VITÓRIA: 6-3
Cristina Gonçalves X Lucas Araújo (Brasil) – VITÓRIA: 3-2
Cristina Gonçalves X Nada Levy (Israel) – DERROTA: 2-3

BC3
Luís Silva X Sze Ning Toh (Singapura) – DERROTA: 1-4
Luís Silva X Aki Kosaka (Japão) – VITÓRIA: 5-0
Luís Silva X Grigorios Polychronidis (Grécia): DERROTA: 0-5
José Carlos Macedo X Evani Calado (Brasil) – DERROTA: 2-3
José Carlos Macedo X Ye Jin Choi (Coreia) – DERROTA: 2-2
José Carlos Macedo X K. Werwimp (Bélgica) – VITÓRIA: 5-3
Armando Costa X Marylou Martineau (Canadá) – VITÓRIA: 21-0
Armando Costa X Li Eyuan Dong (China) – DERROTA: 0-13
Armando Costa X Maria Bjurstrom (Suécia) – VITÓRIA: 4-4

BC4
Domingos Vieira X Carla Oliveira – VITÓRIA: 5-0
Domingos Vieira X Sun Gkyu Kim (Coreia) – DERROTA: 2-6
Domingos Vieira X Vivian Lau (Hong Kong) – DERROTA: 2-4
Carla Oliveira X Domingos Vieira – DERROTA: 0-5
Carla Oliveira X Vivian Lau (Hong Kong) – DERROTA: 2-3
Carla Oliveira X Sun Gkyu Kim (Coreia) – DERROTA: 1-7

 

 

 

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